quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal

     A Idéia não é somente transmitir uma mensagem e sim promover uma celebração dentro de bases concretas que sempre foram costumes indígenas como a oralidade.
     Quando fechamos os olhos e viajamos ao longo do tempo podemos perceber a leve brisa que o vento das quatro direções da Terra sopra sobre o nosso Pantanal e nossos rostos.
     Percebemos então, a magia do Natal se aproximando como se nos levasse até aquele cenário numa terra bem distante, quando uma estrela toda especial, iluminou os olhos de uma criança que se abria numa simples manjedoura, simbolizando a pureza da vida numa noite feliz.
     Tradicionalmente o espírito da vida indígena é o mesmo do homem branco, que nos cerca com toda a sedução da modernidade e que nos levou a transcrever para as letras, nossa forma ancestral e diante dos diversos níveis de contato, conhecer, praticar e respeitar o cristianismo e a religião ocidental.
     Mas a chegada do mês de Dezembro também nos impõe as pressões do Natal. Somos levados a comprar, receber e dar presentes. É nessa hora que esquecemos o bem comum, a solidariedade e o repartir.
     Como Povos Indígenas de costumes e línguas diferentes, aprendemos a compreender tudo isso, mas não podemos aceitar que esses valores substituam a noção de vida para a própria vida que é a celebração. Nunca praticamos esse modelo de vida, ao contrário, sempre demonstramos nossa solidariedade com esse mundo que não conhecíamos onde povos, sociedades e pessoas muitas vezes não tinham sequer o direito de se alimentar, de dormir ou de trabalhar.
     O Natal de Jesus Cristo não nasceu para atender as demandas comerciais ou exclusivamente as religiões como o homem branco construiu. Para nós, o Natal veio para resgatar e praticar o amor ao próximo e ao Grande Criador, nosso Ituko-Óviti.
     A celebração da vida com o nascimento daquela criança, nos mostra ainda hoje que esse é um espírito que nunca falha, principalmente o compartilhar com aqueles que se tornaram invisíveis diante do consumo fácil. Lá estavam representados a fauna, os reis, os pobres e a natureza como fórmula de qualidade de vida e de solidariedade.
     Por outro lado não podemos esquecer-nos da nossa Mãe Terra, que tal qual uma onça ferida diante da constante agressão ambiental como as fazendas de monoculturas e a indústrias predadoras do meio ambiente, apresenta novas enfermidades e as mudanças climáticas como faturas a serem pagas pela humanidade.
     Talvez as mesas fartas dos jantares com as mais saborosas comidas e bebidas, ainda sejam símbolos de felicidades para alguns, mas jamais serão o verdadeiro espírito de Natal, que nós indígenas em nossas aldeias sempre vivenciamos quando sentimos o vento, o brilho das estrelas, o canto dos pássaros ou o olhar de nossas crianças. É o momento sagrado da celebração espiritual, da prece, do canto entre todos.
     É quando percebemos nossa fragilidade como ser humano e ao mesmo tempo de poder ser justo, solidário e amigo. Contemplando os céus, a realidade que nos leva a perceber que esses sonhos e essa magia só tem sentido quando asseguramos o direito à moradia, e no caso indígena, a nossa terra, a territorialidade e ao nosso hábitat como berço que sempre nos acolheu do nascimento a morte, sem jamais tomar de ninguém esse direito, que bem demonstra o Natal de Jesus Cristo.
     Na noite do Natal vamos com os mesmos olhos fechados, seja na Igreja, seja na casa, com a família ou com os amigos, celebrar a vida. A vida dos que passaram para o campo eterno e daqueles que ainda podem se olhar, olhos nos olhos.
     Mais que um presente, uma prece constante sobre nossos valores seja como indígenas, como negro, branco ou pantaneiro, enquanto o vento segue seu caminho, para que nós possamos com coragem, fraternidade e respeito mútuo, atingir o equilíbrio de sermos cada vez mais, gente e irmão!



Marcos Terena – Índio Pantaneiro do Mato Grosso do Sul e membro da Cátedra Indígena
Fotos: indígenas Mebengokré - Kayapó





segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Participação Mebengokré na 12ª Festa do Cacau do Estado do Pará

Ao longo do ano de 2011, muitos líderes indígenas apresentaram a demanda pelo cultivo do cacau, que é uma árvore frutífera com potencial agrícola para geração de renda e sustentabilidade ambiental, pois é uma espécie que necessita ser cultivada em sistema de consórcio para se estabelecer.
A região Sudeste do Pará representa um pólo de cultivo de cacauais muito promissor e para incentivar a prática aconteceu nos dias 24, 25 e 26 de novembro a 12ª Festa do Cacau do Estado do Pará, no município de Tucumã-PA, organizado pela CEPLAC – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira.
Nesta ocasião, houve a participação de sete agricultores indígenas das aldeias Aúkre, Apeity, Ngomeity, Kikretum, Moikarakô e Turedjam, representando a comunidade Mebengokré – Kayapó.

A programação do evento foi dividida entre palestras e oficinas em que diversos temas foram abordados. Dentre eles, destaca-se “Dia de campo: Formação de Cacauais”, que ocorreu em propriedades de agricultores com certa experiência no cultivo. Foi uma oportunidade de troca de experiências entre os participantes e também de muito aprendizado.



As palestras foram ministradas por pesquisadores, professores e técnicos da CEPLAC. As organizações que estiveram presentes partilhando informações foram: IMAZON, UFPA, SAGRI / OCB e SEMA.
Sob os olhos atentos dos indígenas, os Sistemas Agroflorestais (SAFs) foram identificados pelos mesmos nas falas dos palestrantes que reforçaram a prática deste cultivo para agregar valor, garantir a diversidade e a rentabilidade na produção. Em tempos de compromisso ambiental, SAF é uma prática adequada, pois respeita a dinâmica da floresta, melhorando a renda dos agricultores, sem gastos excessivos em função do uso adequado do solo. Neste ponto, o cacau mais uma vez desponta como promessa de atividade para os indígenas do Pará.



Ao final do evento, foi solicitado aos participantes indígenas que preenchessem uma ficha de avaliação. Todos consideraram importantes as informações recebidas e desejam participar de outros encontros como estes.
As atividades foram acompanhadas pelos técnicos da FUNAI que acreditam ser uma oportunidade para o início de um trabalho que pode contribuir na promoção da autonomia econômica para os povos indígenas Mebengokré – Kayapó.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TEE Pykakwatynhre realiza primeira reunião após pactuação


        Nos dias 24 e 25 de novembro, o município de São Félix do Xingu sediou a primeira reunião da Comissão Gestora do Território Etnoeducacional Pykakwatynhre, após a pactuação no mês de outubro de 2010.
            Lideranças de todas as aldeias das terras indígenas Badjunkore, Baú, Kayapó, Las Casas, Menkragnotire e  Xinkrin (Cateté, Djujdekô e Ô’odja), representantes dos municípios de Bannach, Cumaru do Norte, Guarantã do Norte, Parauapebas, Pau D’Arco, Santana do Araguaia e os anfitriões de São Félix do Xingu e ainda representantes do MEC e da FUNAI (CR e Brasília), da Associação Floresta Protegida e do Conselho Indigenista Missionário – CIMI.


            A reunião debateu o regimento do território, alterou dados quanto às aldeias contempladas, discutiu a composição das comissões gestoras e de articulação, atualizou o plano de trabalho do território para o próximo ano e ainda realizou encaminhamentos gerais.
            A Secretaria Executiva de Educação e Cultura de São Félix do Xingu deu suporte total à reunião, garantindo o sucesso do evento. A presença do Coordenador de Educação Indígena do MEC – Gersen dos Santos Luciano Baniwa – foi determinante para os encaminhamentos da reunião, pois este prestou informações relevantes para os municípios e ainda contribuiu com sua vasta experiência nas discussões e decisões.

A reunião foi um sucesso na avaliação de todos os presentes. Os indígenas participaram ativamente de todos os debates, os municípios participantes – alguns iniciantes no que tange ao TEE – puderam acessar informações e contatos e, com isso, a educação indígena Mebengokré/Kayapó, Xikrin e Menkragnotire fica cada vez mais fortalecida e com maiores perspectivas de avanço.
            A plenária elegeu o município de Guarantã do Norte, no estado do Mato Grosso, como a sede da próxima reunião da comissão, prevista para o mês de maio do próximo ano.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Alunos fazem visita acadêmica à aldeia Turedjam


A turma do 2º ano do ensino médio da Escola Pitágoras, localizada no município de Ourilândia do Norte – PA, visitou no dia 16 deste mês a aldeia Turedjam, localizada na Terra Indígena Mebengokré/Kayapó, também em Ourilândia do Norte.


Como é padrão da cultura Mebengokré/Kayapó, os alunos foram recebidos cerimoniosamente com cantos e danças das crianças e dos guerreiros, além de discurso dos caciques e professores.
Acompanhados pelos professores de História, Biologia e Língua Portuguesa, os discentes caminharam em áreas de floresta para observar e catalogar espécies animais e ainda realizaram entrevista coletiva com alguns membros da comunidade, a fim de conhecer melhor sua cultura e modo de vida.

 A interação com a comunidade foi total. Os alunos jogaram vôlei, foram pintados por mulheres da aldeia e ainda adquiriram artefatos da cultura Mebengokré/Kayapó, de modo a contribuir com a geração de renda de algumas famílias.
A CR Tucumã mediou todo o processo: consultou a comunidade para a realização da visita, proferiu palestra aos alunos de forma a esclarecer aspectos do indigenismo e da cultura Mebengokré/Kayapó e ainda acompanhou as atividades durante a visita.
A atividade foi muito positiva para todos. Os alunos vivenciaram parte do cotidiano da aldeia e interagiram com todos, especialmente os jovens. A comunidade pôde apresentar sua cultura e modo de ser, o que contribui para a quebra de conceitos negativos e também para o fortalecimento de sua identidade.


Mebengokré/Kayapó participam de Oficina sobre o PBA Onça Puma


Nos dias 08, 09 e 10 ocorreu na cidade de Ourilândia do Norte a Oficina Participativa do PBA Onça Puma. Participaram do evento os servidores da FUNAI de Redenção, Tucumã e São Félix do Xingu, funcionários da empresa Vale S.A, membros da Associação Floresta Protegida, a equipe técnica elaboradora dos projetos apresentados e ainda as lideranças indígenas das aldeias Aukre, Gorotire, Kendjam, Krenhmaiti, Kikretum, Kokokuedja, Kranhkrô, Kriny, Kubenkrankenh, Moikarakô, Ngomeity, Piokrotikô, Pykararankre, Rikarô, Rio Vermelho e Turedjam.
  A oficina foi o momento de apresentação dos projetos que comporão o PBA – Plano Básico Ambiental – Kayapó, onde os indígenas puderam conhecer as propostas dos projetos, sanar dúvidas e opinar sobre as ações.
            O PBA Onça Puma corresponde a projetos que objetivam minimizar os impactos causados pelo empreendimento às comunidades Kayapó. Vale ressaltar que as comunidades não serão impactadas diretamente pelas atividades da mineradora, especialmente quanto ao meio ambiente.


Os projetos atendem às linhas de impactos identificados em estudos realizados pela equipe técnica responsável pelo PBA. Correspondem a ações de infra-estruturaurbana, monitoramento territorial, apoio às iniciativas comunitárias, educação indígena e capacitação de profissionais não-indígenas.
            A oficina foi conduzida pela equipe contratada para a elaboração dos projetos, sempre com espaço aberto à participação dos indígenas e ainda com neutralidade e compromisso com a compreensão e o esclarecimento das lideranças presentes.

            O evento foi avaliado como muito positivo por todos os participantes. Os indígenas aceitaram todas as propostas apresentadas, sem deixar de incluir pontos que consideraram pertinentes. O PBA será finalizado, com a inclusão dos pontos discutidos na oficina e, em seguida, encaminhado à CGGAM – Coordenação Geral de Gestão Ambiental da FUNAI, para que esta analise e possa dar o parecer técnico que, em caso positivo, autoriza a execução dos projetos.

            Os indígenas encerraram a oficina em clima festivo, dançando e cantando para demonstrar a alegria e a importância do momento. O desejo agora é de que o processo burocrático possa ser finalizado o quanto antes para que os projetos sejam executados e, assim, tragam benefícios para todas as comunidades contempladas.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

CR Tucumã executa convênio entre MDS e FUNAI



            Na última semana servidores da CR Tucumã estiveram nas aldeias Gorotire e Kriny para executar parte das ações previstas no convênio entre FUNAI e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.
            O convênio firmado atende a 10 etnias brasileiras, entre elas os Kayapó, nas comunidades acima mencionadas, contempladas pela vulnerabilidade social em que se encontram.

Reunião na aldeia Gorotire

            O principal objetivo do convênio é estimular e fomentar as atividades produtivas das comunidades, por meio das quais elas terão maior autonomia no atendimento às suas necessidades básicas.
            Na aldeia Gorotire os recursos estão sendo aplicados para o apoio à atividade de coleta da castanha-do-Brasil. Em Kriny as atividades serão voltadas tanto para o extrativismo da castanha como para a agricultura, onde serão organizadas uma roça mecanizada e uma tradicional (de toco), para que a comunidade analise a produtividade e a viabilidade de ambas as técnicas a fim de estabelecer qual modelo atende às suas especificidades.

 A ação foi de entrega dos itens e orientação quanto às atividades a serem executadas. As próximas ações  serão de acompanhamento e assistência técnica às comunidades, para que o projeto alcance resultados efetivos, como desenvolvimento econômico e social, refletindo em melhor qualidade de vida para as aldeias contempladas.

Aldeia Kriny

            O momento de visita às aldeias também é a oportunidade para que os servidores da CR possam dialogar quanto às demandas gerais das comunidades. Na visita à aldeia Gorotire a equipe também conheceu a nova aldeia que está sendo organizada – Krikapoto – e comportará futuramente parte da população daquela que é a maior aldeia Kayapó.

Aldeia Krikapoto















                                                Reunião com a nova comunidade


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Rio+20: Paulinho Paiakan vai participar de Conferência da ONU

O famoso cacique Paulinho Paiakan, 57 anos, líder da nação Kayapó, será um dos representantes da sua comunidade indígena no Rio+20, evento que reunirá ambientalistas do mundo inteiro, que vão voltar ao Brasil para um novo encontro da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente, entre 28 de maio e 6 junho de 2012. O último encontro foi em 1992, também no Rio de Janeiro. 

Paulinho Paiakan, que atualmente vive na aldeia Kreniyêdá, proximo à região do Xingu, onde é cacique há vários anos, diz que assim que recebeu o convite para participar deste evento começou a se preparar participando de outros encontros semelhantes, como o que ocorreu no último dia 22 em Belém, quando foi palestrante de um seminário que tratou sobre o meio ambiente. “Até lá nós já vamos estar preparados para participar desse evento”, disse. 

De acordo com Paulinho Paiakan, o Rio+20 será importante não só para o Brasil e as comunidades indígenas, mas para o mundo inteiro. “Pela segunda vez o planeta vai se reunir para saber como a população mundial vai agir para melhorar o meio ambiente”, frisou. Ainda de acordo com Paiakan, a comunidade indígena Kayapó também vai apresentar a sua proposta, pois, segundo ele, os Kayapós não podem aceitar propostas de fora que não condizem com a realidade dos indígenas. “Nós que vivemos dentro desse ambiente, (Amazônia), é que sabemos os problemas que acontecem aqui”, salienta. 

BELO MONTE 
Paulinho Paiakan, que nos últimos anos sempre defendeu a bandeira do meio ambiente, diz que a construção da usina de Belo Monte, em Altamira, será um dos temas abordados no Rio+20. O ambientalista, que tem dúvidas se a obra vai mesmo sair do papel, ressalta que até o momento as comunidades indígenas não têm sido beneficiadas em nada com essa obra. Segundo ele, é preciso que os povos indígenas se organizem para que aconteçam as melhorias de vida de que se tanto fala. (Paulo Carrion)

Extraído do site

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Kayapós participam de oficina audiovisual no Museu do Índio


O Projeto de Documentação de Culturas Indígenas - PRODOCULT está realizando mais uma oficina audiovisual. Desta vez, a iniciativa é destinada aos Kayapó da aldeia Moikarakô, situada em São Félix do Xingu - PA.
A oficina começou na sexta-feira (14/10) e vai até 21/10. No treinamento serão editadas as filmagens feitas pelos índios durante a Festa Bemp, cerimônia de nomeação masculina. Participaram da oficina os índios Axuapé Kayapó, Pawire Kayapó, e Bepunu Kayapó com a coordenação do pesquisador André Demarchi. À frente dos trabalhos está o documentarista Celso Renato Maldos.



O registro audiovisual é bastante valorizado por todas as comunidades Kayapó. Faz parte do cotidiano de muitas aldeias reunir-se para assistir vídeos das festas e outras manifestações culturais. Os Kayapó vêem a partir dessa atividade a importância do registro e da valorização de sua cultura, onde cada vez mais jovens fazem uso de equipamentos de audiovisual e, por iniciativa própria, registram sua cultura a fim de mantê-la sempre viva.



Adaptado do site




sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Aldeia Turedjam é beneficiada com doação de alimentos


             Esta semana a Aldeia Turedjam recebeu a doação de alimentos não perecíveis oferecidos pela Empresa Escallato, prestadora de serviços da Empresa Vale S/A.
            A Escallato é responsável pela manutenção do Programa Viver Bem, que executa e proporciona ações e projetos de desenvolvimento humano e qualidade de vida aos empregados da Vale e seus familiares, através de atividades esportivas e culturais.

Reunião com a comunidade para apresentações.

            Uma das ações do programa são as sessões de teatro que ocorrem periodicamente, onde a entrada simbólica é a doação de um quilo de alimento não perecível e toda a arrecadação é destinada a instituições sociais das cidades próximas.

Comunidade recebendo os alimentos

            Na última edição do projeto, a arrecadação foi destinada à Aldeia Turedjam, localizada no município de Ourilândia do Norte – PA.    Para a entrega dos itens, estiveram presentes na aldeia representantes da empresa Escallato e servidores da Coordenação.

Representantes da FUNAI e Escallato conversando com a comunidade

            A comunidade ficou muito satisfeita com os alimentos recebidos, conforme afirmou o cacique M’ro-ô Kayapó: “a comunidade fica feliz porque a gente precisa, então é muito bom para nós”.
            A empresa Escallato avaliou como muito positiva a ação de entrega, pois a comunidade foi muito receptiva com a equipe e, principalmente, por poderem contribuir também para o bem-estar das famílias de alguma forma.
           Como são ações pontuais e o critério de doação é beneficiar diferentes segmentos e instituições a cada oportunidade, a empresa espera que, num futuro próximo, outras comunidades também possam ser beneficiadas com a ação. 

Entrega dos alimentos ao cacique M'ro-ô
            

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mebengokré/Kayapó participam das XX Mini Olimpíadas de Ourilândia do Norte


Time da aldeia Kokokuedja

O município de Ourilândia do Norte recebeu, no último final de semana, as disputas esportivas da XX Mini Olimpíadas de Ourilândia do Norte. Com a participação de diversos municípios da região, num total de 12 delegações, o evento foi marcado pela competição saudável e o espírito esportivo.
Modalidades como vôlei, futebol e natação foram as principais, mas também aconteceram competições paralelas no jogo de damas, por exemplo.

Diversas comunidades indígenas também foram presença garantida nas competições, tanto nas disputas masculinas quanto femininas.

A participação das aldeias do município nos eventos esportivos é uma constante, inclusive com resultados muito positivos. O destaque do evento foi para a aldeia Kokokuedja, que ficou em 5º lugar na pontuação geral, seguida por Aukre, com o 8º lugar.


Niras da aldeia Gorotire











segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Setembro: um ano dos novos servidores da FUNAI

   Alguns colegas: Romulo, Milena, João, Maria Alice, Wendel e Marinaldo
Inauguração da CTL de São Félix do Xingu, outubro de 2010

            A pouco mais de um ano, exatamente no dia 03 de setembro, nosso colega Wendel chegava à CR de Tucumã para tomar posse e entrar em exercício. Em seguida fomos chegando devagar, passo a passo, exatamente como se deve começar qualquer nova caminhada.
            E como em todo percurso, alguns mudaram de rota ou seguiram outros rumos, e gradativamente a sala de reunião foi se esvaziando, não antes de permitir uma troca de experiências e uma intimidade que poderia ser desfrutada apenas por nós, que nos sentíamos tão próximos uns dos outros simplesmente por estarmos partilhando da mesma experiência.
            Sim, somos guerreiros! Tivemos a coragem necessária para encarar o novo e a confiança de que valeria a pena.
            Sim, tem valido a pena! Acredito que alguém em algum momento já chorou por ter deixado algo para trás. Acredito que algum desafio nos fez repensar se realmente estávamos no lugar certo. Mas enxugamos as lágrimas, reafirmamos nosso propósito e hoje seguimos em frente!
            O aprendizado é imensurável, em todos os aspectos.
            As dúvidas provavelmente ainda são muitas e sempre serão, afinal são elas que nos movem a buscar eternamente as certezas.
            As histórias, as experiências, os momentos únicos já fazem parte da nossa memória.
            Não chegamos nem próximo do final, este é apenas o começo.
            Mas estamos de parabéns, senão pelos avanços alcançados, pelos benefícios já conquistados aos indígenas ou pelo trabalho realizado, mas simplesmente por estarmos aqui, termos aceitado trilhar este novo caminho e, não só isso, se dedicar, ter comprometimento com a caminhada.
            Há um ano nossas vidas foram traçadas a mudar. Destino, acaso, coincidência, fé.
            O certo é que acreditamos em algo e viemos. Tucumã, Redenção e São Félix do Xingu hoje são as nossas casas.
            Que este um ano tenha trazido a todos nós um balanço positivo, que nos leve a percorrer outros anos, que nos leve a lutar, conquistar, realizar cada vez mais.
            Que nos inspiremos na história de luta de tantas nações indígenas para traçar também as nossas lutas, pois só com luta a vitória é possível.
Parabéns para nós! E que venham muitos outros anos!


   Equipe juntamente com o cacique Ak'jabor Kayapó

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

CR Tucumã: história, memória e futuro

          A história da FUNAI em Tucumã começa com a existência de um Posto Indígena, subordinado à então Administração Executiva Regional de Marabá – PA. Entretanto, em função das limitações administrativas do referido Posto, e aliado às constantes solicitações indígenas por um atendimento mais presente e próximo, tendo em vista a grande distância entre Marabá e as aldeias da T.I. Kayapó, o na época administrador regional Eimar Araújo, solicitou à Presidência desta Fundação, em meados de 2005, a criação do Núcleo de Apoio Operacional Local de Tucumã.
            A solicitação foi atendida oficialmente em 15 de fevereiro de 2006, com a Portaria nº 166/Presidência, que criou o referido Núcleo. Antes, porém, em 20 de dezembro de 2005, a portaria nº 1484/Presidência, já designava o servidor Odenildo Coelho da Silva, até então chefe do Posto Indígena Djudjeitykty, como responsável pelo futuro Núcleo. Assim, a FUNAI começava definitivamente a se estruturar em Tucumã.
            Um importante momento no contexto administrativo do então Núcleo de Apoio foi a criação de sua Unidade Gestora, o que possibilitou autonomia financeira e maior agilidade e eficiência na prestação de assistência às comunidades indígenas, visto que o quadro de funcionários foi ampliado e as atividades puderam ser efetivadas com mais qualidade.
            A estruturação física à época foi possível a partir da disponibilidade de um antigo prédio do INCRA, que foi reformado e ainda hoje é a sede do órgão.
            A partir do processo de reestruturação da FUNAI, o até então Núcleo de Apoio Operacional passou a ser Coordenação Regional, resultado de diversas solicitações da administração à Presidência da Fundação. A reestruturação ampliou significativamente as responsabilidades da gestão, visto que aumentou o número de comunidades indígenas a serem atendidas, criou/subordinou as Coordenações Técnicas Locais de Redenção (antiga Administração Executiva Regional), São Félix do Xingu - ambas em funcionamento, Cumaru do Norte e Ourilândia do Norte - em processo de estruturação física, à atual Coordenação, além do aumento no número de assessores e também de servidores (a partir do concurso público realizado em 2010).
            Esta, sem dúvida, é uma história de sucesso, pois enquanto muitas administrações foram suprimidas ou subordinadas a outras, a atual Coordenação Regional de Tucumã, desde seu surgimento enquanto Posto e depois Núcleo, vem qualificando seu atendimento e se firmando como uma administração competente e eficiente.
            Muitos foram os que contribuíram para todo este progresso, mas seu protagonista sem dúvida é o Coordenador Odenildo Coelho da Silva, proativo e comprometido com a defesa dos interesses indígenas. Ele falou resumidamente ao blog sobre as mudanças institucionais e sobre as perspectivas para a Coordenação atualmente:

Ao fazer uma retrospectiva de todo esse processo de transformação institucional, qual o seu sentimento ao ver a Coordenação com a estrutura que possui hoje?
Não é um sentimento de dever cumprido, pois ainda há muito a ser feito. Mas, sem dúvida, é uma satisfação ver tudo funcionando, com organização e qualidade.

 Na sua avaliação, quais os principais avanços que foram proporcionados às comunidades Mebengokré/Kayapó desde a instalação do Posto, depois com o Núcleo, até a atual estrutura de Coordenação?
Foram muitos, sem dúvida, mas principalmente o acesso aos benefícios sociais, que antigamente era muito difícil, chegava a ser precário. Também houve melhora na qualidade de vida, no transporte e no atendimento aos indígenas de maneira geral. Na qualidade de vida principalmente, pois a Coordenação garante a proteção das terras indígenas através de ações de retirada de madeireiros e garimpeiros, por exemplo. Sem a presença dos invasores nas terras, os indígenas vivem melhor, se sentem mais seguros e isso é qualidade de vida.

Quais os principais desafios e as perspectivas da Coordenação hoje?
Nosso maior desafio hoje é reestruturar o quadro de pessoal, pois não temos servidores em quantidade suficiente para cumprir nosso papel institucional, como a proteção às terras indígenas. O espaço de atuação da Coordenação é muito grande, e faltam servidores para atuar em todas as ações. A construção de nossa sede própria também é um desafio, pois teremos condições melhores de atendimento. A pretensão é de conseguir a construção no próximo ano.