terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

I Fórum de Educação Escolar Indígena de Ourilândia do Norte

Caciques das aldeias participantes

A aldeia Turedjam sediou entre os dias 06 e 09 deste mês o I Fórum de Educação Escolar Indígena de Ourilândia do Norte. O evento reuniu lideranças e professores indígenas das sete aldeias do município - Aukre, Kokokuedja, Kranhkrô, Kubenkrankenh, Moidjam, Piokrotikô e Turedjam - além de representantes de várias outras instituições.
 O Fórum foi uma iniciativa da professora não indígena da escola da aldeia Turedjam, Jhenia, que elaborou o projeto e se lançou ao desafio de realizar o primeiro evento de educação indígena do município. 
A Secretaria Municipal de Educação apoiou a iniciativa, assim como outras instituições parceiras, comerciantes, representantes legislativos e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública da cidade.

Cerimonial de abertura do Fórum
 A cerimônia de abertura contou com a presença da Prefeitura Municipal de Ourilândia do Norte, representada pela vice-prefeita e secretários de diversas áreas, além da Defensoria Pública Municipal, Associação Floresta Protegida, de vereadores apoiadores do evento, educadores do Colégio Pitágoras e a Coordenação Regional Kayapó Sul do Pará.

 
Levantamento das demandas das escolas
Nos demais dias de evento, foram realizadas palestras sobre temas relativos à educação escolar indígena, além de discussões sobre Currículo, Projeto Político Pedagógico, calendário escolar diferenciado, bem como os representantes de cada comunidade documentaram a realidade de suas escolas indígenas, apresentando demandas importantes para a melhoria do ensino.

 O Fórum foi prestigiado por diferentes atores sociais, desde educadores, vereadores, a representantes de outros órgãos municipais e instituições diversas, bem como de universitários das cidades de Ourilândia e Tucumã.

Oficina de Língua Portuguesa

Sem dúvida o Fórum se tornou um marco para a história da educação escolar indígena do município, pois sua realização e, principalmente, a mobilização e repercussão que sua execução proporcionaram demonstra que o município e todos os seus apoiadores veem a educação escolar indígena como aspecto de grande importância, mas, especialmente, como um ponto sensível e que necessita de atenção e cuidados.




A CR Kayapó Sul do Pará participou do evento por meio de palestras sobre o papel da Instituição no que tange à educação escolar indígena, bem como sobre a relevância do currículo para a construção de uma educação intercultural e diferenciada, além do auxílio aos participantes indígenas quanto às atividades propostas pelo Fórum e algumas demandas logísticas. 

Professor indígena elaborando mapa da aldeia Kokokuedja
 
Grupo de dança do município de Ourilândia do Norte
O encerramento do Fórum também contou com momento de discussão de questões relevantes para os Mebengokré, além de apresentações  culturais e o convite do cacique M'ro-ô Kayapó, da aldeia Turedjam, para o Dia do Índio na aldeia, que ocorrerá de 18 a 21 de abril e marcará a comemoração da data e o aniversário da aldeia.

 Evidentemente que ainda há muito o que avançar, exatamente pela complexidade e desafios que a educação representa, principalmente no contexto indígena. Entrentanto, o Fórum deixará sementes que sem dúvida encontrarão um solo fértil para a cosntrução de uma educação escolar indígena de qualidade, diferenciada e intercultural, que contribua para o desenvolvimento social e a autonomia das comunidades Mebengokré/Kayapó, que tanto precisam avançar em seus processos educativos escolares para que o futuro de suas crianças traga melhorias e superação das dificuldades atuais.





sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Notícias importantes para os Mekrangnotire

Lideranças Mekrangnotire na reunião em Altamira

23 e 24.01 – Por causa do OFICIO PRM/ATM/GAB 2/Nº 0035/2013 de 16 de janeiro de 2013 do Ministério Público Federal em Altamira – Pará, os Kayapó Mekrãgnoti foram chamados para uma reunião na cidade de Altamira com Procuradores do Ministério Público Federal e representantes da diretoria da Eletrobrás para tratar juntamente com os Kayapó sobre o Protocolo de Intenções envolvendo a FUNAI e Eletrobrás. A FUNAI Brasília também se fez presente, assim como o Coordenador da CR Kayapó Sul do Pará, o chefe da CTL de Novo Progresso e ainda outros servidores da Coordenação Regional. 

O motivo desta reunião incidiu sobre vários descontentamentos por parte dos Mekrãgnoti acerca desse protocolo, uma vez que houve demoras, falhas de articulação por parte da Eletrobrás, diminuição de recursos prometidos e repartição de recursos mal sucedidos segundo as lideranças. Diversas reuniões foram realizadas e o desencadeamento das ações sempre postergadas, isso foi o principal motivo que levou os Mekrãgnoti a constantemente denunciar a Eletrobrás para o Ministério Público Federal. Vale ressaltar que os Mekrãgnoti sempre desconfiaram dos estudos da UHE Belo Monte (a FUNAI nunca apresentou esses estudos) e exigiram em Altamira a contemplação no PBA (Programa Básico Ambiental) principalmente por estar fornecendo uma contribuição positiva para esse mega empreendimento na conservação de recursos hídricos. Ao mesmo tempo, porém, acreditam que vão ser fortemente afetados: as terras Baú e Mekrangnotire sofrerão grandes impactos, desde pressão do desmatamento, diminuição dos peixes, mudança no clima, tudo em nome do desenvolvimento advindo de Belo Monte por causa do fornecimento de energia para a região. 

Reunião com lideranças e representantes das instituições
Quanto à resolução acerca do Protocolo de Intenções, ficou decidido que a Eletrobrás vai aportar 09 milhões, sendo 03 milhões/ano para os projetos de longo prazo (03 anos) que serão repartidos entre Kayapó do leste e oeste, isto é, aquém do que foi prometido e acordado na grande reunião envolvendo os Kayapó do Pará e Eletrobrás em dezembro de 2011 em Brasília, quando o montante prometido pela empresa era de 04 milhões por ano totalizando 16 milhões. Mesmo a Eletrobrás alegando que os projetos emergenciais consumiram 02 milhões de seu caixa, essa conta em relação à promessa inicial não fecha. A empresa alega que está passando por dificuldades financeiras, mas os Mekrãgnoti insistem: vão lutar na justiça para serem contemplados no PBA, que na realidade será o verdadeiro projeto de longo prazo.

31.01 – Representantes da empresa Norte Energia S/A (NESA) estiveram visitando Novo Progresso para realizar a entrega de duas obras para os Kayapó Mekrãgnoti sendo: 01 Casa de Apoio e 01 mini-indústria de processamento de castanha-do-Brasil. Trata-se de importantes conquistas que refletirão em todas as comunidades, já que a caso da Casa de Apoio possibilita que famílias inteiras, bem como aposentados, pensionistas e outros parentes que se deslocam para Novo Progresso para resolver problemas possuem agora um lugar espaçoso, bonito e moderno para se alojar. 

Inauguração da Casa de Apoio

A Casa de Apoio devolve a dignidade para os Kayapó que sempre abarrotaram as casas de seus parentes tentando se hospedar, ou mesmo a Casa de Saúde Indígena que sempre esteve lotada de visitantes, bem como, traz maior tranquilidade para os funcionários indígenas (parentes) que sempre receberam quantidades de pessoas acima de suas possibilidades para alojarem em suas casas, criando uma série de dificuldades para ambos. Tais obras foram frutos de propostas encaminhadas e aprovadas pelo PDRSX – Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, do qual um representante Mekrãgnoti (Doto Takak-ire/Servidor da FUNAI) faz parte do CGDEX, que é o Comitê Gestor do programa. Essas obras estão sendo consideradas pelos Mekrãgnoti como uma primeira etapa, sendo que a segunda foi aprovada no final de 2012 pelo PDRSX, onde as obras serão concluídas com a construção dos muros, portões, calçadas, grades e anexos, tanto na Casa de Apoio quanto na Mini Indústria de castanha. 


Casa de Apoio

No geral, ambas refletem grandes possibilidades dos Mekrãgnoti conseguirem se estruturar por completo através do PDRSX, pois se refere a um programa governamental que gira em torno do processo Belo Monte e seu plano de vigência será de 20 anos. Assim sendo, os Mekrãgnoti estão tendo enormes oportunidades de anualmente investirem seus objetivos em ações permanentes com possibilidades de impactos sempre positivos para suas sobrevivências.