![]() Com o apoio da polícia militar do Pará, a Operação Floresta Livre identificou quatro serrarias ativas no município de Cumaru. Uma delas é legalizada e está em condições regulares de funcionamento, outra está em vias de legalização, mas foi embargada pelo IBAMA por estar atuando antes de obter licença e duas são clandestinas e foram desativadas. As serrarias tiveram seus maquinários apreendidos pelo IBAMA, ficando estes à disposição da justiça como peças para abertura de inquérito pela Polícia Federal. Também foram apreendidos cinco caminhões de madeira, totalizando cerca de 80m³. A carga será destinada à prefeitura de São Felix do Xingu/ PA para a construção e reforma de escolas no interior da Terra Indígena Kayapó. A primeira investida contra a exploração de madeira na TI Kayapó ocorreu em novembro de 2010, durante a operação Ocara. A operação desmontou e embargou cinco serrarias em Cumaru do Norte e duas em Bannach. Em maio de 2011, no entanto, foi constatado que três delas haviam voltado a operar ilegalmente e uma nova serraria havia se instalado recentemente no entorno da área protegida. A estratégia é manter uma ação continuada nessas localidades a fim de desarticular o desmatamento ilegal, que acaba funcionando como porta de entrada de madeireiros e vem causando estragos ao patrimônio florestal dos Kayapó. Garimpo na TI Kayapó ![]() No garimpo Santilli, localizado no interior da TI Kayapó, existe, segundo os garimpeiros que saíram da área, um grupo armado composto por 12 pistoleiros, que estariam fazendo a segurança do garimpo e das balsas existentes na localidade. À ação dos garimpeiros estão associados a casos de malária, provenientes da região do garimpo, além de doenças como esclerose, demência e dificuldades de orientação na população idosa das aldeias da região, devido danos causados ao sistema nervoso por contaminação com mercúrio. Na população mais jovem já foram detectados casos de difteria em razão consumo de água contaminada pela atividade de garimpo. Existem inquéritos na Polícia Federal do município de Redenção/PA apurando esses casos na TI Kayapó e entorno. Há, ainda, um processo investigativo em curso, que tem o objetivo de investigar os responsáveis pela cadeia econômica dessas atividades ilegais e que pretende juntar elementos para um processo criminal. A Operação Floresta Livre não tem data para encerrar.
Extraído do site http://www.funai.gov.br/
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Trabalhando e contribuindo para a autonomia e a qualidade de vida das comunidades Mebengokre/Kayapo
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Funai e IBAMA desativam serrarias e garimpos na Ti Kayapó
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Professores Mebengokré/Kayapó encerram mais uma etapa do curso de formação em magistério indígena
Apresentação de trabalhos.
Foto: acervo do curso de formação

O município de São Félix do Xingu vem sediando as últimas etapas e recebeu durante duas semanas aproximadamente 36 professores indígenas de 17 aldeias. O curso, que iniciou ao final de 2008, tem perspectiva de conclusão em 2014. Apesar do atraso em seu andamento, o panorama ao término é promissor, com a continuidade no ensino superior através das licenciaturas interculturais.
No encerramento, estiveram presentes a coordenadora da SEDUC - PA Jacilene, responsável pelo módulo, a secretária de educação de São Félix do Xingu, Viviane Cunha, representantes do Conselho Estadual de Educação, da Prefeitura de São Félix do Xingu, o Padre Raimundo Camacho, do Conselho Indígena Missionário e ainda a FUNAI, através do chefe de divisão paulo Roberto, do chefe da CTL de São Félix do Xingu, Clésio, e da servidora responsável pelo setor de educação da CR, Maria Alice Xavier.
Secretária de Educação de São Félix do Xingu na cerimônia de encerramento
O Conselho Estadual de Educação esteve presente principalmente para vistoriar o andamento das atividades, uma vez que esta é uma prerrogativa fundamental para regulamentar o curso na modalidade de escola itinerante.
Na fala de todos esteve presente o reconhecimento pelo esforço e determinação dos professores indígenas, bem como a importância do curso no avanço dentro da educação indígena, que só irá alcançar qualidade plena à medida que as comunidades também tiverem autonomia para pensar e fazer sua educação, e os professores indígenas são peças fundamentais nesse processo.
A próxima etapa do curso já está agendada para iniciar em 10 de julho, também no município de São Félix do Xingu.
Trabalhos produzidos pelos alunos
Foto: acervo do curso de formação
A próxima etapa do curso já está agendada para iniciar em 10 de julho, também no município de São Félix do Xingu.
terça-feira, 24 de abril de 2012
19 de abril: uma data de muitas comemorações
O Dia do Índio, comemorado em todo o Brasil no dia 19 de
abril, sem dúvida é uma data simbólica e muito comemorada por todas as etnias
do país.
Seja como um dia importante para refletir sobre os desafios
do indigenismo , ou ainda para valorizar e fortalecer as culturas indígenas, o
certo é que o dia do índio é um dia de dança, comemoração e festa em todas as
aldeias simplesmente por ser o seu dia.
Para os Mebengokré∕Kayapó este sem dúvida é um dia de
festa e este ano foram muitas as comemorações.
Mulheres da aldeia Turedjam disputam partida de futebol com alunas da rede municipal de ensino
Em São Félix do Xingu, a secretaria municipal de educação realizou a Semana dos Povos Indígenas, com atividades culturais e esportivas entre os dias 17 e 19. A estimativa é de que havia mais de 2.000 índios na cidade, representantes de todas as nove aldeias do município, além de outras convidadas.
A aldeia Turedjam também realizou festa em comemoração ao
dia do índio e também em comemoração ao aniversário da aldeia. Foram convidadas
outras sete comunidades. Com muita dança, banho de rio e atividades esportivas,
todos se divertiram entre os dias 19 e 22, além de receberem diversos
convidados, como o prefeito e
secretários do município de Ourilândia do Norte, alunos de escolas municipais, além de outras
autoridades e instituições da região.
A Vale S.A realizou também o intercâmbio cultural entre
Kayapós e Xikrins. O dia 21 foi marcado
por atividades esportivas entre as etnias e também entre os funcionários da empresa, além de entretenimento
para crianças e um saboroso almoço de confraternização.
Almoço servido no intercâmbio cultural entre Kayapós e Xikrins
Paralelo a esses eventos, todas as aldeias comemoram com muita festa seu dia tão especial. Com apoio das prefeituras, vizinhos ou simplesmente por conta ´própria, 19 de abril sempre será um dia de muita dança, berarubu e orgulho por serem indígenas.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Aldeia Turedjam recebe visita de alunos do ensino médio
No dia 17 de abril os alunos de quatro turmas da escola Pitágoras, de Ourilândia do Norte, visitaram a aldeia Turedjam a fim de conhecer e vivenciar a cultura Mebengokré∕Kayapó.
Acompanhados pelos professores de Artes, Biologia, Literatura e Sociologia, os discentes entrevistaram os moradores da aldeia a fim de aprender sobre suas especificidades socioculturais, especialmente quanto aos hábitos e valores da etnia. Também houve uma caminhada pela mata para que os alunos pudessem identificar as características da floresta amazônica, de modo a relacionar os conhecimentos adquiridos em sala de aula com a realidade da mata.
Além das atividades acadêmicas, os visitantes foram recepcionados cerimonialmente pelos habitantes e crianças da aldeia, interagiram com os jovens jogando futebol e vôlei e ainda dançaram junto com a comunidade.
Para a comunidade também é um momento de muita alegria, pois todos se sentem valorizados e prestigiados, além da oportunidade de partilharem sua cultura e modo de ser.
A CR Tucumã faz questão de intermediar tais oportunidades, uma vez que acredita que é a partir do acesso ao conhecimento e à vivência que preconceitos e impressões errôneas podem ser dirimidas, especialmente no contexto da região, onde a população muitas vezes apresenta resistência à cultura indígena.
Como resultado dos saberes apreendidos, os alunos realizarão exposição de trabalhos artísticos inspirados na cultura indígena, além de realizarem seminários para partilha das informações, de modo que um universo muito mais amplo de pessoas conhecerão e se encantarão com a aldeia Turedjam e a etnia Mebengokré∕Kayapó.
Qualquer instituição de ensino pode propor uma atividade similar. É preciso contatar a CR Tucumã para que esta analise o projeto a ser realizado, bem como possam consultar as comunidades a serem visitadas, visto que sua anuência é primordial para qualquer realização.
Qualquer instituição de ensino pode propor uma atividade similar. É preciso contatar a CR Tucumã para que esta analise o projeto a ser realizado, bem como possam consultar as comunidades a serem visitadas, visto que sua anuência é primordial para qualquer realização.
terça-feira, 27 de março de 2012
I Conferência Estadual de Assistência Técnica e Extensão do Estado do Pará
A CR Tucumã participou
na última semana da I Conferência Estadual de ATER do Estado do Pará, que
ocorreu nos dias 13 e 14 de março, no hotel Gold Mar, na cidade de Belém.
Representando a CR Tucumã estiveram presentes os servidores Ramon de Paula
Neves, delegado escolhido na conferência territorial, e Luciano Leal Almeida,
convidado, bem como o indígena Bep-Irax Kaiapó, escolhido também como delegado
da sociedade civil na conferência territorial. Também participaram do evento
servidores da FUNAI de outras CTL’s da região, como Rainericy da Silva Quintino
(CTL de Jacareacanga), Julia Duarte (CTL de Tomé Açu) e Ananda Jesus (CTL de
Paragominas).
A Conferência, de tema:
“ATER para a agricultura Familiar e Reforma Agrária e o Desenvolvimento
Sustentável do Brasil Rural”, contou com a participação de delegados eleitos e
convidados da sociedade civil, governos municipais, estadual e federal,
representantes dos 11 Territórios e Pré-Territórios da Cidadania (Baixo
Amazonas, Baixo Tocantins, Nordeste Paraense, Sudeste Paraense, Sul do
Pará/Alto Xingu, Transamazônica, BR – 163, Marajó, Entorno de Tucuruí, Salgado
e Metropolitana), que realizaram anteriormente suas respectivas conferências
territoriais.
A Conferência se
iniciou na manhã do dia 13/03 com uma mesa de abertura composta de diferentes
segmentos sociais e governamentais que resaltaram a importância do evento para
o futuro da ATER no Estado e no país, bem como a importância da eleição de
delegados que defendam as especificidades (alto custo para ações de ATER devido
às grandes distâncias e as dificuldades de transporte deslocamento) e a
diversidade de categorias sociais do campo (agricultores familiares,
assentados, indígenas, ribeirinhos, pescadores e pescadoras artesanais,
extrativistas, entre outros) existentes no Pará durante conferência nacional de
ATER, que irá se realizar nos dias 23 a 26 de abril em Brasília. Após a mesa
inicial ocorreu a conferência de abertura proferida por Reginaldo Lima –
Diretor do DATER/SAF/MDA, onde foi enfatizado a criação da Lei 12.188/2010 e a
realização da I Conferência Nacional como expressão da consolidação da Política
Nacional de ATER (PNATER), e também a importância de se discutir nessa
conferência estadual um modelo de ATER que atenda às especificidades do meio
rural paraense.
Em seguida, iniciaram-se
os Grupos de Trabalho (GT) que foram divididos em cinco eixos temáticos: “ATER
para o Desenvolvimento Rural sustentável”; “ATER para a Diversidade da Agricultura
Familiar e a Redução das Desigualdades”; “Ater para as Políticas Públicas”;
“Gestão, Financiamento, Demanda e Oferta dos Serviços de ATER” e “Metodologia
de Ater – Abordagem de Extensão Rural”.
Na Plenária Final, que
ocorreu na tarde do dia 15/03, foram eleitos 27 delegados para a Conferência
Nacional, sendo 18 da sociedade civil (representação de agricultores (as)
familiares, assentados (as) da reforma agrária e representações das entidades
não governamentais executoras de serviços de Ater) e 09 de representantes
governamentais de serviços de ATER e de órgãos públicos dos poderes executivo,
legislativo e judiciário das esferas estadual e municipal. No contexto da
sociedade civil o indígena Kayapó Rafael Maniary Munducuru, da aldeia
Karapanatuba, município de Novo Progresso, foi eleito como delegado e o
indígena Bep-Irax Kaiapó, da aldeia Turedjan, município de Ourilândia do Norte,
como suplente. No momento também foram discutidas e aprovadas as propostas
elencadas pelos cinco GT’s.
Por fim, foi debatida a
minuta de projeto que institui a Política Estadual de Assistência Técnica e
Extensão Rural (PEATER), o Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural na
Agricultura Familiar (PROGATER) e cria o Fundo Estadual de Assistência Técnica
e Extensão Rural (FEATER), que se pautou em diversos aspectos da política de
Ater já explorada dentro dos GTs e com enfoque na questão estadual.
Mais uma vez foram
pautas questões relativas ao desenvolvimento rural sustentável, o
etnodesenvolvimento e à agroecologia, bem como uma maior atenção das ações de
Ater para os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras populações e
comunidades tradicionais do campo. Foi discutido também que para a comprovação
da qualidade de beneficiário da PEATER, deverá ser apresentada a Declaração de
Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – DAP,
porém, como os indígenas estão tendo dificuldades na aquisição desse documento,
foi aceito como documento equivalente o Registro de Nascimento Indígena – RANI.
É necessário ressaltar que esse projeto de lei ainda passará pela avaliação da
Assembleia Legislativa Estadual para entrar em vigor.
O evento foi muito
produtivo para todos os participantes, em especial para esta CR, que conseguiu
eleger seu representante indígena como suplente para a Conferência Nacional.
Sem dúvida as discussões e informações resultantes da Conferência Estadual
contribuirão significativamente para o desenvolvimento das atividades de
etnodesenvolvimento da CR Tucumã.
Equipe da CR Tucumã e servidores das CTL's na Conferência
terça-feira, 13 de março de 2012
CTL Novo Progresso é contemplada nas ações da CR
A Coordenação Regional de Tucumã continua em pleno processo
de crescimento e reestruturação, especialmente quanto às suas novas áreas de
abrangência.
A partir da solicitação dos Kayapó das terras indígenas de
Mekragnoti e Baú do lado oeste do estado do Pará, a CR Tucumã passou também a
realizar o atendimento às comunidades de Baú, Kubenkokre, Pukany, Kawatun e
Pyngraiti, agregando a CTL de Novo Progresso, conforme a Portaria nº 1182/PRES,
de 08 de agosto de 2011.
Foi uma mudança determinante para a administração da CR
Tucumã que, mesmo com uma quantidade de comunidades e T.I’s já significativas,
assumiu o desafio de atender também às comunidades do oeste.
Em 2011 o Coordenador Odenildo esteve em Novo Progresso para conhecer a nova CTL e seus servidores, bem como para dialogar sobre a
realidade das comunidades.
Em 2012 novas ações já ocorrem. No período de 26/02 a 05/03
uma equipe de servidores da CR, bem como o próprio Coordenador Regional,
estiveram em Novo Progresso a fim de realizar pregões presenciais para
aquisição de itens essenciais às comunidades.
Pregão presencial realizado na sede da CTL
Além disso houve a visita de um servidor do setor de
Promoção Social para coletar informações e orientar quanto às demandas da CTL, além de tantos
outros temas importantes que foram discutidos na oportunidade, como educação,
proteção territorial, finanças e licitações, etc.
O Coordenador Regional aproveitou a oportunidade também para
visitar o castanhal da T.I. Mekragnoti, acompanhando o cotidiano das famílias
nessa importante atividade que é a coleta da castanha, bem como para averiguar
os trabalhos de abertura do ramal de acesso as aldeias Kubenkokre e Pukany,
previsto no PBA BR 163, com a execução por conta do DNIT.
Visita do presidente Márcio Meira à CTL em 2011
No retorno da equipe, o Coordenador Técnico Local, senhor
Edson Carlos Ramalho, se deslocou até Tucumã, onde permanecerá durante toda
esta semana, para conhecer a estrutura da CR de perto, seus setores e
servidores, no sentido de aproximar as coordenações e estabelecer uma relação
mais estreita com a Coordenação Regional, bem como encaminhar questões
pertinentes à CTL e ajudar na preparação de editais de licitação para atender
as demandas da Coordenação Regional e Técnica Local.
Guerreiros Mekragnoti em comemoração à visita do Presidente Meira
A CTL de Novo Progresso realiza o atendimento às comunidades
das aldeias acima citadas com muita competência e dedicação e, sem dúvida, este
será um ano de grandes avanços e parcerias com a CR no sentido de garantir a continuidade
das ações com o trabalho de qualidade que já executam.
A equipe da CTL é composta pelos servidores Edson Carlos Ramalho, Luis Carlos da Silva Sampaio, Doto Tajaj-ire, Imar Kayapó e pelos colaboradores terceirizados Anderson Pereira, Josiane Batista dos Reis e Luzinete Alves dos Santos.
A equipe da CTL é composta pelos servidores Edson Carlos Ramalho, Luis Carlos da Silva Sampaio, Doto Tajaj-ire, Imar Kayapó e pelos colaboradores terceirizados Anderson Pereira, Josiane Batista dos Reis e Luzinete Alves dos Santos.
quinta-feira, 8 de março de 2012
08 de março
“Na fogueira daquela fábrica onde ardem as meninas.
Nas fogueiras destas fábricas onde ardem, ainda, as herdeiras desta sina.
Nas fogueiras queimam ainda, como antes bruxarias.
Na fogueira preconceitos invisíveis queimam ainda.
Nas fogueiras as meninas pernas nuas pelas ruas.
No fogo em teu rosto feito brasa e hematoma.
Na fogueira do teu sexo que vestes quando nua.
Das fogueiras onde queima tanta fúria assassina.
Este fogo não se esquece: nos aquece, anima.”
Às guerreiras Mebengokré e a todas as guerreiras da FUNAI, desejamos que o fogo da luta para uma nação mais igualitária, mais pacífica e mais humana nunca se apague!
Que possamos, a exemplo das mulheres da mata, nunca desanimar ao trabalho e sempre com encanto nos olhos de quem descobre um novo amanhecer, continuar com a leveza e alegria de sermos mulheres!!!
Feliz Dia das Mulheres!!!
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Agricultura Kayapó/Mebengokré
Experiência na Terra Indígena Badjônkôre
– Aldeia Kranh-ãmpare
Ramon de Paula Neves – Indigenista
Especializado
1 – Introdução
A
idéia deste texto é descrever e
apresentar os elementos que caracterizam o modo de produção agrícola Kayapó/Mebengokré,
como a cultura e a produção agrícola influenciam no dia a dia dos diversos
sujeitos das comunidades, ademais de apresentar as experiências produtivas da
aldeia Kranh-ãmpare na TI Badjônkôre.
Os
Kayapó vivem em aldeias dispersas ao longo do curso dos afluentes do caudaloso
rio Xingu, desenhando no Brasil Central um território do tamanho da Austria
recoberto pela florestal equatorial, com exceção de algumas porções preenchidas
por áreas de cerrado. O termo Kayapó foi usado por grupos vizinhos para
denominá-los e significa “aqueles que se assemelham aos macacos”. Mesmo sabendo
que são assim chamados pelos outros, os Kayapó se referem a si próprios como
Mebengokré, “os homens do buraco/ lugar d’água” (POSEY, 1979).
Os
povos indígenas da etnia Kayapó possuem um histórico impressionante de proteção
de suas terras tradicionais contra a invasão e o desmatamento. Eles detêm um
território que se estende por quase 11 milhões de hectares no sudeste da
Amazônia e constituem o maior trecho contínuo de floresta tropical protegida do
mundo. Hoje as terras indígenas são, praticamente, a única barreira contra a
onda de desmatamento e incêndios que devastam o sudeste da Amazônia, onde a floresta
dá lugar à agricultura. Este efeito barreira ocorre porque os povos indígenas,
que dependem da floresta para sobrevivência, lutam ativamente pelos direitos
sobre suas terras e expansão de fronteiras. Os territórios dos índios Kayapó
nos estados do Pará e Mato Grosso são um exemplo impressionante da barreira contra
o desmatamento e representam uma oportunidade extraordinária para a conservação
numa ampla escala de paisagem. Tendo conseguido a demarcação da maior parte de
suas terras, os Kayapó do século 21 têm que defender 2 mil km de divisa contra
a usurpação e a invasão por fazendeiros, madeireiros, exploradores de ouro e
posseiros.
A
TI Badjônkôre surgiu da não contemplação
de um subgrupo quando da demarcação da TI Kayapó, mais especificamente, daquelas
provenientes do grupo Kubenkrankêng, para regularização das porções de terras
tradicionalmente por eles ocupadas e que estava fora dos limites da TI Kayapó.
Ocorre
que os índios da referida terra indígena jamais aceitaram, com tranqüilidade e
satisfação, os limites definidos, alegando não terem participado efetivamente
do procedimento de demarcação acima referido, realizada em 1985, pelo convênio
entre a FUNAI e a Divisão de Serviços Gerais do Exército Brasileiro, época que
tiveram início os conflitos fundiários entre os índios e os segmentos
regionais. Com isso nos fins dos anos 90 a TI Badjônkôre foi demarcada com mais
de 200mil hectares entre os municípios de São Felix do Xingu e Cumaru do Norte.
2 – Elementos culturais
2.1 - Cosmologia
Há um mundo celeste
do qual provém a humanidade. Os primeiros seres humanos que chegaram à Terra vieram de lá por uma
longa corda, como formigas por um tronco. Isto foi possível porque um homem viu
um tatu
e o seguiu até que entrou num buraco, que depois foi usado pelas pessoas para
vir a este mundo. Também as plantas celestes baixaram do mundo celestial quando
a filha da chuva brigou com a mãe, desceu a este mundo e foi acolhida por um
homem, a quem entregou as plantas.
Muitos relatos explicam os fatos
culturais, desde a obtenção do fogo até a casa da onça-pintada.
As danças são levadas muito a sério, pois explicam a relação com a natureza, a
sociedade e a história. Não usam bebidas fermentadas nem plantas alucinógenas.
2.2 – Agricultura Kayapó
Sua principal atividade econômica é
a agricultura itinerante praticada por
homens, mulheres e meninos. Através do método de desbravar e queimar
(queimada), cada par limpa um local na floresta de cerca de cinquenta por
trinta metros onde estabelecem seu puru, uma horta na qual semeiam batata, cará, mandioca, algodão, milho e, ao lado das
árvores, plantam cupá, uma videira com gavinhas
comestíveis. Alguns grupos introduziram em suas hortas arroz, feijão, mamão e tabaco.
Recolhem mel e frutos de palmeiras
silvestres como o babaçu. A castanha-do-pará, que anteriormente era
recolhida pelas mulheres para seu autoconsumo, hoje é recolhida pelos homens e
vendida a compradores estatais ou privados.
São bons caçadores, mas, atualmente,
a caça não é abundante. Os homens tecem cestos, cintos e faixas para carregar e
fabricam paus, lanças, arcos e flechas para a caça. As mulheres fabricam
pulseiras, fitas e cordas
São
especialmente as mulheres que produzem a quantidade necessária de alimentos
calóricos. As roças, cultivadas em um raio médio de quatro a seis quilômetros
da aldeia, são geridas por elas.
Os
Kayapó são exigentes na escolha de terras potencialmente férteis: o lugar ideal
é uma porção de floresta com uma vegetação não muito densa, não longe de um rio
e situada no pé de colinas. Os Kayapó fazem uma distinção entre diferentes
tipos de terrenos e de florestas. A escolha de um lugar conveniente para o
estabelecimento de uma nova aldeia ou de uma nova roça não se faz de modo
precipitado. Especialistas examinam cuidadosamente a terra, sua cor e sua
composição. A vegetação existente é igualmente tomada em consideração.
Os
homens têm a dura tarefa de cortar as árvores para a abertura das roças. As
árvores são derrubadas no início da estação seca (maio) e permanecem lá alguns
meses, até a proximidade da estação chuvosa. A natureza do solo constitui um
grande problema na floresta equatorial, pois este é extremamente pobre em
minerais. É por isso que perto do mês de outubro, os Kayapó queimam as árvores,
cuja madeira teve tempo o suficiente para secar. Os minerais nelas concentrados
permanecem nas cinzas, formando uma camada, que se presta de adubo. Depois da
queima, as mulheres dão início à semeadura. Muitas variedades de plantas são
semeadas em círculos concêntricos. Essa cultura mista apresenta um certo número
de vantagens; por exemplo, as plantas de folhas grandes protegem o solo de
chuvas torrenciais e do ressecamento, assim como outras plantas altas protegem
do sol causticante. Algumas plantações estão igualmente relacionadas com o
combate contra os insetos. Na periferia da roça, são comumente semeadas plantas
medicinais. Muitas dessas plantas produzem um néctar que atrai uma certa
espécie de formigas agressivas, inimigas naturais de insetos fitofágicos. Por
mais que pareça desordenada, a roça kayapó está organizada segundo uma lógica
extremamente estruturada.
As
mulheres vão todos os dias às roças para recolher legumes. A vida de uma mulher
kayapó é um tanto monótona. Mas algumas vezes por ano, geralmente durante a
estação seca, pequenos grupos de mulheres vão à floresta para juntar frutas
selvagens e óleo de palmeira. As excursões mais curtas duram dois dias, as mais
longas, uma semana. As mulheres nunca se separam de fato da aldeia,
permanecendo em um raio de cerca de 30 km ao redor dali, território com o qual
são mais familiarizadas e que é constantemente atravessado por caçadores.
O
antropólogo Darrel Posey, estudando os Kayapó,
mostrou a preocupação desse povo com a preservação da natureza, utilizando,
para isso, não só um planejamento rigoroso nas suas práticas agrícolas, como
também técnicas naturais altamente desenvolvidas, se comparadas à dependência
da sociedade envolvente aos defensivos químicos.
Os Kayapó, por exemplo, acreditam que existe
um equilíbrio entre os espíritos dos animais, dos homens e das plantas. Se os
homens abusarem dos recursos da floresta, a harmonia será destruída e chegarão
doenças para toda a tribo. Para eles, nenhum aspecto da vida tribal é mais
importante que o equilíbrio ecológico. [...]as roças possuem sempre cobertura
vegetal, o que impede a erosão do solo e a insolação excessiva. Dentro das
roças é grande a variedade de plantas e sua distribuição evita o aparecimento de
insetos e outras pragas. Outros conhecimento nativo sobre a agricultura é que o
plantio se faz de maneira a aproveitar ao máximo o solo, de acordo com as
plantas e as condições do terreno. Assim cada planta pode aproveitar melhor as
propriedades que lhe servem. As faixas de florestas conservadas entre as roças
servem ao mesmo tempo de "corredores naturais" prestando-se ao uso
como refúgio por plantas e animais, facilitando a reconstituição da fauna e da
flora. Isto denota planejamento e permite a conservação das reservas,
proporcionando que haja produção com aproveitamento máximo dos recursos e sem
dano ao meio. (Posey, 1984, p.45).
2.3 - Calendario
ecológico
Os
Kayapó iniciam o seu ano
no ngô ngrà (vazante) com atividades agrícolas que se estendem por quase
todo o calendário ecológico até a maturação do milho. Segue-se o período da
colheita e, com a queda dos frutos silvestres, os animais são atraídos,
propiciando a época de caça que coincide com o ngô TAM (cheia). Em
seguida, há um pequeno período de maior atividade de lazer e conveniência
familiar, ao fim do qual, com a queda do nível das águas do rio (vazante),
intensifica-se a atividade de pesca. E, com a vazante, inicia-se um novo ano. (TURNER,
1991)
O
início do ano é marcado pelo cerimonial bemp, que se estende durante
quatro luas: do surgimento do bemp nhõ djà - largas faixas coloridas que
partem o sol poente, até a ocorrência das primeiras chuvas. Ao final do
cerimonial bemp, pode-se ver no meio do céu, antes do sol nascer, o ngrôt
kryre, ou punhado de cinzas, formado pelo aglomerado de sete estrelas, as
Plêiades, situadas na constelação de Touro.
Diferentes
épocas do ano são acompanhadas da realização de metõro, cerimoniais de
caráter sazonal e de grande importância na vivência e na identidade social do
grupo. A divisão das tarefas segue o critério sexual, sem fugir à regra das
demais comunidades Kayapó, cabendo à mulher carregar os fardos, a lenha e transportar
os alimentos cultivados nos roçados para as casas.
3
– Descrição da Experiência da Aldeia Kranh-ãmpare
A
aldeia Kranh-ãmpare desenvolve, principalmente, o cultivo do milho e das
diversas espécies de batatas, além de lavouras de mandioca, banana, urucu,
abóbora, melancia, cará, arroz e algodão, plantadas em grupos e dispostas bem
ordenadas por quase dois quilômetros às margens de um pequeno curso d'água.
As
práticas agrícolas são rudimentares, atividades que incluem trabalhos simples
destituídos de técnica aparente. Os estudos desenvolvidos ultimamente nesse
sentido têm demonstrado o contrário. Além da derrubada da vegetação, queimada e
consequentemente o plantio, inúmeros outros cuidados são observados na
agricultura indígena.
São
inúmeros os exemplos de conhecimento ecológico das culturas indígenas que se
pode apontar, uma vez que cada grupo indígena possui seus costumes, que de um
modo ou de outro funcionam para preservar os recursos naturais.
O
Benjadjwyr (Chefe, cacique) Pangrá apresentou as áreas de agriculturas próximas
a aldeia. Ele estima a existência de cerca de 10 alqueires de área plantada por
todas as famílias (25 famílias).
Dentre
as principais dificuldades no manejo da agricultura, Pangrá coloca que os
idosos tem muita dificuldade de realizar sua tarefa , uma vez que o trabalho é
penoso e algumas roças distantes.
Com
o contato, os indígenas aprenderam e passaram a depender de ferramentas para a
agricultura, as principais utilizadas na comunidade são: facão, machado,
moto-serra, enxada, cavadeiras, etc.
Visando
diminuir a dependência da FUNAI, a comunidade possui sua própria maneira de
armazenar as sementes. Espécies como milho, arroz, abóbora, melancia feijão de
fava são armazenados nas casas de cada família em sacos de fibra e em um local
arejado. Como a FUNAI não possui recursos suficientes e devido as dificuldades
de acesso as comunidades, as sementes nunca chegam a tempo. No caso da aldeia
kranh-ãmpare não existe nenhuma dependência de sementes e a comunidade se
encontra em visível estado de segurança alimentar.
Possuem
três (3) fornos para a fabricação de farinha e pretendem com o tempo processar
cupuaçu, açaí e cacau para venderem nas feiras da região. Processam arroz
manualmente, entretanto dizem que o trabalho é muito penoso para as mulheres
(que são responsáveis por esse serviço) e a comunidade deseja adquirir uma
batedeira de arroz para facilitar os trabalhos.
A
aldeia kranh-ãmpare se encontra em uma região de transição de cerrado para a
floresta, por isso aproveitam da possibilidade de coletar frutos e plantas
destes dois tipos de biomas. Os indígenas costumam coletar açaí, pequi,
castanha, óleo de copaíba, cupuaçu, babaçu, andiroba, diversas variedades de
coquinhos, além da envira para confecção
de artesanatos, a exemplo de paneiros, cocares, palhas para a cobertura de suas
casas, lenha para abastecer as fogueiras familiares, e privilegiam a coleta do
mel e da cera de abelha.
As
proteínas são consumidas através da caça, da pesca e da criação de animais. Na
região se encontram animais como o porco do mato, anta, paca, jabuti, búfalo,
cotia, macaco e tatu, todos devidamente consumidos pelas famílias. A pesca é um
pouco mais dificultosa, pois o rio se encontra a 20km da comunidade e uma ou
duas vezes por semana as famílias vão até o rio pescar trairão, pacu, piranha,
piau, piabanha, pintado, etc.
A
partir do contato com a sociedade envolvente, os Kayapó passaram a adquirir noções de pecuária e a dominar
técnicas de manejo com o gado bovino. Com a introdução das atividades
criatórias, novas demandas foram surgindo em decorrência do trato com os
animais. Na Aldeia Kranh-ãmpare, há um índio-vaqueiro, que aprendeu as tarefas
com outro vaqueiro (“não-índio”) contratado para essa finalidade. Este
índio-vaqueiro conta com o auxílio de outros três índios-aprendizes de vaqueiro,
que desejam dominar as técnicas de manejo para poder substituí-lo quando for
necessário ou tratar do gado de outras aldeias, caso seja convocado pelas
lideranças. A comunidade possui algumas cabeças de gado nelore e búfalos, além
dos búfalos selvagens espalhados pela terra indígena que são caçados.
Mesmo
com toda essa disponibilidade de alimentos possui dependência de alimentos e
itens industrializados como pão, café, sal, açúcar, fumo, refrigerante,
isqueiro, etc. No geral, os recursos monetários obtidos por meio de programas
sociais (bolsa família, salário maternidade, aposentadoria, etc) é direcionado
a compra destes produtos.
4 - Referencias
POSEY,
Darrell A. Ethnoentomology of the
Gorotire Kayapo of Central Brazil. s.l. : Univ. of Georgia, 1979. 177 p.
(Dissertação de Mestrado)
----------
Os Kayapó e a natureza. Cência Hoje,
Rio de Janeiro,v.2, n.12, p. 34-41, 1984.
----------
. Manejo da floresta secundária,
capoeiras, campos e cerrados (Kayapó). In: RIBEIRO, Berta G., coord.
Etnobiologia. Petrópolis : Vozes, 1986. p. 173-88. (Suma Etnológica Brasileira,
1).
TURNER,
Terence S. Da cosmologia à história:
resistência, adaptação e consciência social entre os Kayapó. Cadernos de
Campo, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 68-85, 1991.
Área de arroz já colhida
Mulheres na agricultura
Benjadjwyr Pangrá
na área de mandioca
Menira a caminho da roça
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Mensagem de Natal
Quando fechamos os olhos e viajamos ao longo do tempo podemos perceber a leve brisa que o vento das quatro direções da Terra sopra sobre o nosso Pantanal e nossos rostos.
Percebemos então, a magia do Natal se aproximando como se nos levasse até aquele cenário numa terra bem distante, quando uma estrela toda especial, iluminou os olhos de uma criança que se abria numa simples manjedoura, simbolizando a pureza da vida numa noite feliz.
Tradicionalmente o espírito da vida indígena é o mesmo do homem branco, que nos cerca com toda a sedução da modernidade e que nos levou a transcrever para as letras, nossa forma ancestral e diante dos diversos níveis de contato, conhecer, praticar e respeitar o cristianismo e a religião ocidental.
Mas a chegada do mês de Dezembro também nos impõe as pressões do Natal. Somos levados a comprar, receber e dar presentes. É nessa hora que esquecemos o bem comum, a solidariedade e o repartir.
Como Povos Indígenas de costumes e línguas diferentes, aprendemos a compreender tudo isso, mas não podemos aceitar que esses valores substituam a noção de vida para a própria vida que é a celebração. Nunca praticamos esse modelo de vida, ao contrário, sempre demonstramos nossa solidariedade com esse mundo que não conhecíamos onde povos, sociedades e pessoas muitas vezes não tinham sequer o direito de se alimentar, de dormir ou de trabalhar.
O Natal de Jesus Cristo não nasceu para atender as demandas comerciais ou exclusivamente as religiões como o homem branco construiu. Para nós, o Natal veio para resgatar e praticar o amor ao próximo e ao Grande Criador, nosso Ituko-Óviti.

Por outro lado não podemos esquecer-nos da nossa Mãe Terra, que tal qual uma onça ferida diante da constante agressão ambiental como as fazendas de monoculturas e a indústrias predadoras do meio ambiente, apresenta novas enfermidades e as mudanças climáticas como faturas a serem pagas pela humanidade.
Talvez as mesas fartas dos jantares com as mais saborosas comidas e bebidas, ainda sejam símbolos de felicidades para alguns, mas jamais serão o verdadeiro espírito de Natal, que nós indígenas em nossas aldeias sempre vivenciamos quando sentimos o vento, o brilho das estrelas, o canto dos pássaros ou o olhar de nossas crianças. É o momento sagrado da celebração espiritual, da prece, do canto entre todos.
É quando percebemos nossa fragilidade como ser humano e ao mesmo tempo de poder ser justo, solidário e amigo. Contemplando os céus, a realidade que nos leva a perceber que esses sonhos e essa magia só tem sentido quando asseguramos o direito à moradia, e no caso indígena, a nossa terra, a territorialidade e ao nosso hábitat como berço que sempre nos acolheu do nascimento a morte, sem jamais tomar de ninguém esse direito, que bem demonstra o Natal de Jesus Cristo.
Na noite do Natal vamos com os mesmos olhos fechados, seja na Igreja, seja na casa, com a família ou com os amigos, celebrar a vida. A vida dos que passaram para o campo eterno e daqueles que ainda podem se olhar, olhos nos olhos.
Mais que um presente, uma prece constante sobre nossos valores seja como indígenas, como negro, branco ou pantaneiro, enquanto o vento segue seu caminho, para que nós possamos com coragem, fraternidade e respeito mútuo, atingir o equilíbrio de sermos cada vez mais, gente e irmão!
Marcos Terena – Índio Pantaneiro do Mato Grosso do Sul e membro da Cátedra Indígena
Fotos: indígenas Mebengokré - Kayapó
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Participação Mebengokré na 12ª Festa do Cacau do Estado do Pará
Ao longo do ano de 2011, muitos líderes indígenas apresentaram a demanda pelo cultivo do cacau, que é uma árvore frutífera com potencial agrícola para geração de renda e sustentabilidade ambiental, pois é uma espécie que necessita ser cultivada em sistema de consórcio para se estabelecer.
Nesta ocasião, houve a participação de sete agricultores indígenas das aldeias Aúkre, Apeity, Ngomeity, Kikretum, Moikarakô e Turedjam, representando a comunidade Mebengokré – Kayapó.
A programação do evento foi dividida entre palestras e oficinas em que diversos temas foram abordados. Dentre eles, destaca-se “Dia de campo: Formação de Cacauais”, que ocorreu em propriedades de agricultores com certa experiência no cultivo. Foi uma oportunidade de troca de experiências entre os participantes e também de muito aprendizado.
As palestras foram ministradas por pesquisadores, professores e técnicos da CEPLAC. As organizações que estiveram presentes partilhando informações foram: IMAZON, UFPA, SAGRI / OCB e SEMA.
Sob os olhos atentos dos indígenas, os Sistemas Agroflorestais (SAFs) foram identificados pelos mesmos nas falas dos palestrantes que reforçaram a prática deste cultivo para agregar valor, garantir a diversidade e a rentabilidade na produção. Em tempos de compromisso ambiental, SAF é uma prática adequada, pois respeita a dinâmica da floresta, melhorando a renda dos agricultores, sem gastos excessivos em função do uso adequado do solo. Neste ponto, o cacau mais uma vez desponta como promessa de atividade para os indígenas do Pará.
As atividades foram acompanhadas pelos técnicos da FUNAI que acreditam ser uma oportunidade para o início de um trabalho que pode contribuir na promoção da autonomia econômica para os povos indígenas Mebengokré – Kayapó.
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